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Mostrando postagens de março, 2018

O olho mais azul - Uma história racial

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“Nos Estados Unidos da década de 1940, garotas negras e pobres costumam ganhar de presente bonecas estampadas com o rosto da atriz mirim Dhirley Temple. A adolescente negra Claudia MacTeer abomina essa submissão ao olhar excludente da raça dominadora e dedica-se a desmembrar bonecas brancas com um ódio instintivo e autoprotetor. Mas sua frágil amiga Pecola Breedlove, filha de um negro alcoólatra e violento, reza para ter olhos azuis – um delirante e inconsciente desejo de redenção e ascensão social”. (Sinopse do livro) No posfácio do livro Toni Morrison escreve que “[...]o ato de escrever o livro foi precisamente isto: expor publicamente uma confidencia privada”. Toni escancara pro mundo todo um segredo nosso, um segredo das meninas negras, e faz isso com todas as letras, com toda nitidez e enegrecimento possíveis. Eu cresci rodeada pela religião cristã-evangélica, sendo assim, antes de dormir tinha que orar. A minha oração era bem simples, pedia pra Deus me deixar branca e c

Namíbia, Não! Um texto teatral de ficção futurística

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“Em uma manhã do ano de 2020, André chega em casa após uma noite de farra, e anuncia ao primo Antônio que foi assinada em plena madrugada, uma Medida Provisória do Governo Brasileiro determinando que todos os cidadãos de “melanina acentuada” do País deverão ser capturados nas ruas, e enviados de volta a um país da África, como forma de Reparação Social.” (Sinopse do livro) Li pela primeira vez algo referente a peça pelas redes sociais, vi que já tinham recebido prêmios e tudo mais, fiquei super entusiasmada, acabei empolgando a todos aqui em casa. Um dia foi anunciado um período de apresentação aqui em Salvador com ingressos populares, fomos todas assistir à peça. Após a apresentação eu precisava procurar mais sobre a peça, descobri a existência do livro, o escritor era Aldri Anunciação que na peça interpreta o primo Antônio, soube também que era uma das peças que compõe uma trilogia teatral, algo novo pra mim que estava acostumada a trilogias literárias e cinematográficas, o

Escritoras negras na biblioteca de Salvador - BA (Parte 2)

CONTINUAÇÃO...... Na publicação anterior listei as obras disponíveis na Biblioteca Pública do Estado da Bahia e Uneb (Campus I), nesta vou apresentar as listas das outras bibliotecas públicas de Salvador (Itaparica), alguma pode ser bem mais próxima de sua casa do que a biblioteca dos Barris 😉😉😉 BIBLIOTECA PÚBLICA THALES DE AZEVEDO Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus Um defeito de cor - Ana Maria Gonçalves A cor púrpura - Alice Walker Água negra - Lívia Natalia Tratado nas veias; Tramelo - Rita Santana Compaixão; O olho mais azul; Paraíso - Toni Morrison O semelhante - Elisa Lucinda Cadernos negros: os melhores poemas - Esmeralda Ribeiro BIBLIOTECA JURACY MAGALHÃES JÚNIOR Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus Água negra - Lívia Natalia Compaixão; Jazz - Toni Morrison Cadernos negros: os melhores poemas - Esmeralda Ribeiro BIBLIOTECA ANÍSIO TEIXEIRA Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus Água negra - Lívia Natalia Tramelo -

Escritoras negras na biblioteca de Salvador - BA

Em 2017 decidi fazer uma pesquisa (coisa simples e pequena) pra mim mesma sobre quais obras das escritoras negras tem na biblioteca da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e quais tem na Biblioteca Central do Estado da Bahia, isso porque comprar os livros não é possível, e também porque não são todos os livros que consigo encontrar em PDF. Escolhi o nome de 36 escritoras (muitas eu já conhecia, outra conheci procurando na internet para concretizar esta pesquisa). O resultado foi algo que já imaginava, mas de certa forma me desanimou, tem pouquíssimos livros disponíveis nessas bibliotecas e na maioria das situações é exemplar único. Guardei só pra mim a lista, porém quando chegou no fim do semestre quando conclui a graduação comecei a pensar que era injusto esta lista ficar só comigo, era preciso divulgar, sendo assim divulguei na minha rede social (facebook). Na época fiquei pensando que como eu não poderia mais pegar os livros na UNEB imaginei quant@s estudantes poder

Quando me descobri uma leitora negra

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A biblioteca pra mim não era apenas um lugar que reunia vários livros, era o lugar que poderia me proteger dos olhares, dos risos, das zombarias, da opressão, do racismo, do machismo. Estudando em uma escola primária particular, onde era uma das raras estudantes negras, de cabelo crespo e naquela época gorda, a biblioteca acabou sendo a única saída possível na mente de uma criança. Lá encontrei um outro mundo, mas não tão diferente do nosso mundo real. Lembro que de literatura infantil li muitas escritoras (aqui deve ressaltar que mulher na literatura é mais aceita na literatura infanto-juvenil, porém este é tópico pra outro debate, aguardem!), as que me marcaram foram Ruth Rocha e Adriana Falcão.   Na adolescência já surgiram os escritores, me apaixonei por Júlio Verne, José de Alencar, Machado de Assis, Jorge Amado, passei esse período todo com esses escritores, mergulhei cada vez mais na literatura nacional, me encantava. No ensino médio muitas professoras colaboraram