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Mostrando postagens de agosto, 2018

Quarto de Despejo Diário de uma favelada

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19 de julho de 1955 - [...] Quando cheguei em casa era 22,30. Liguei o radio. Tomei banho. Esquentei comida. Li um pouco. Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem. 19 de maio de 1958 - [...] Aqui na favela quase todos lutam com dificuldade para viver. Mas quem manifesta o que sofre é só eu. E faço isto em prol dos outros. [...] 12 de junho de 1958 - Eu deixei o leito as 3 da manhã porque quando a gente pede o sono começa pensar nas misérias que nos rodeia. (...) Deixei o leito pra escrever. Enquanto escrevo vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades. (...) É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela” 6 de maio de 1959 -   [...] Fomos na Rua 7 de abril e o reporte comprou uma boneca para a Vera. (...) Eu disse aos balconistas que esc

Cada tridente em seu lugar e outras crônicas

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“Para bem falar de Exu - não seria louca de falar mal – é preciso ser iniciada, saber segredos que como tais não devem ser revelados. Então, caro leitor, sinto-me mais à vontade para mexer com o tridente de Netuno (patrimônio cultural da humanidade que a mim também pertence) e, mineiramente, deixo quieto o tridente de Exu. Arma por demais poderosa que funciona por eletromagnetismo. Sou maluca de colocar um negócio desses na minha cabeça?” (Cidinha da Silva)                                                          Esse foi o primeiro livro de crônicas que li e achei maravilhoso, eu particularmente gosto desse estilo de escrita. Eu adoro escrever sobre pequenos acontecimentos e compartilhar no meu facebook, acredito que tem situações que podemos promover reflexões, gosto de narrar sobre cenas entre minha família com foco em mainha, na maioria das vezes são cenas que decorrem de um investimento em problematizações e desconstruções da minha parte e de minha irmã. Óbvio que não estou a

Cadernos Negros Poemas Afro-Brasileiros Volume 21

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“Cadernos tem o mérito de abrigar autores de diversas tendências, o que resulta numa obra variada, onde a diferença é enriquecedora. A poesia aqui é um elo entre experiências similares, mas que, ao se tornarem linguagem, evidenciam diferentes concepções diante da vida e da arte. E assim é possível construir muitas leituras. Cadernos Negros vem cumprindo seu papel de dar visibilidade à literatura afro-brasileira, estimulando assim a criação literária” Primeiro preciso compartilhar com vocês que finalmente encontrei os poemas de Conceição Evaristo, eu tinha muita vontade de ler a sua escrita em forma de poema, estou acostumada aos contos e estava super curiosa para saber como seria a escrevivência na poesia, foram seis poemas fortíssimos que ecoaram por dentro fazendo refletir em cada palavra-som. Os poemas apresentam protagonismo de mulheres, dissertam sobre o modo de sobrevivências destas mulheres, sobre o amor entre as mulheres, por fim tem-se um poema sobre a saudade de dua

Cadernos Negros Poemas Afro-Brasileiros Volume 27

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“ Há 27 anos acompanho os Cadernos Negros. Foi a concretização de um sonho de muito tempo e o surgimento de uma nova era de escritores negros com coragem para ir adiante, e foram... Foi necessária muita garra para que autores negros pudessem ter seu espaço dentro da literatura brasileira por meio de seu por meio de seu próprio esforço. Quantos poetas e contistas negros receberam o devido reconhecimento do mundo literário, como escritores, através dos Cadernos Negros! De outra forma, talvez, nunca teriam essa chance” (Vanderli Salatiel – Sinopse do livro) A sensação que tive ao ler cada poesia deste volume 27 foi que tod@s @s escritor@s me diziam “Menina olhe pra trás, olhe pra trás!”, mas era um olhar pra trás de modo que eu pudesse reconhecer os meus ancestrais, os que vieram antes, os que deixaram sua revolução marcada na história e que hoje nos são os exemplos, era um olhar pra trás para que eu pudesse me reconhecer nas mulheres e homens que construíram o caminho que tenho

Cadernos Negros Volume 29 Poemas Afro-Brasileiros

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“Escritores e poetas são um tanto malditos. Escritores e poetas negros são duplamente malditos. Vivemos no país do preconceito, em que, a cada momento, temos de provar. Provar que somos cultos, provar que somos capazes, provar que nossa história está sendo construída por nós mesmo, não obstante as oportunidades que nos são negadas. Isso em diversos setores da sociedade. Com a literatura não é diferente. A importância desse bando de escritores e poetas loucos - integrantes do Quilombhoje -, que insistem em fazer literatura negra no Brasil, é imensurável. Cadernos Negros. Até mesmo o título da publicação nos convida à fazer reflexão” (Fran Oliveira – orelha do livro) Quem acompanha meus stories sabe que nesse livro encontrei novamente dedicatórias para Altamira, neste livro em especifico foram 3 dedicatórias de pessoas diferentes, algo pra mim surpreendente porque fica parecendo que foi um presente coletivo, além de ficar me perguntando onde essas pessoas conseguiram comprar Ca

Calu uma menina cheia de histórias

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“Calu nos ensina que é preciso escutar. Calu nos inspira a contar e recontar o que escutou. Calu nos estimula a criar e olhar com afeto para a ancestralidade. Calu é uma criança” Lázaro Ramos. O livro traz a grandiosidade de retratar na sua história dois momentos que são marcantes no período da vida, a infância e a velhice. De um lado temos Calu com toda esperteza e curiosidade infantil e do outro temos seus avós e os mais velhos da sua cidade com toda a sabedoria e vivência. Estes dois polos ficam sendo o nosso foco na condução dessa belíssima história. Esse fato é muito importante, pois toca no tema de como estamos lidando com os nossos mais velhos, sejam nossos avôs ou não. Será que estamos mesmo respeitando e aprendendo com a experiência de vida e dizeres dos mais velhos? Penso sobre isso não apenas na construção da nossa estrutura familiar, mas para a necessidade de uma construção de uma identidade étnica racial, se falamos tanto de ancestralidade precisamos nos cone