Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2018

As tranças de minha mãe

Em as tranças de minha mãe o narrador, o pequeno Akin, uma criança negra, cujo nome significa “guerreiro”, nos leva aos enlaces afetivos ao lado da mãe Najuma e, também, do pai, Amin. Tais tranças vão além da estética visual e nos remetem aos enlaces ancestrais, cujas raízes são de origens africanas. Trata-se, portanto, de um livro de extrema relevância, pois, suas páginas podem abrir caminhos para o leitor viajar a um universo inserido em significações e à afirmação identitária. Para saber mais, ah! Abra o livro e viaje! (Maria Oliveira - Sinopse) O livro Tranças é composto exclusivamente por narrativa do início ao fim, como no livro Bucala, a diferença é que em Tranças o narrador é Akin, uma criança que vai relatar como vê a sua mãe, e que em nenhum momento você duvida que seja realmente uma criança falando. O início e o final do livro com imagens iguais fazem parecer que Akin declarou tudo o que tem no livro para a sua mãe, que teceu muitos comparativos a beleza, as trança

Zanga

“Tem guerra possível de ganhar e tem umas que a luta permanecerá pelas gerações que irão lhe suceder. Ngunzu sabe que é importante os que já foram, como os que virão. A arma é de muzungos, mas a derrota nunca é nossa. Sempre lutamos, o tempo kitembu nos faz eternos, nos faz grandes lutadores (Bucala)” “O último O cheiro de pólvora ainda exala o fel da morte Os homens com fardas respingadas de sangues quentes Irão atirar em minha face Doze parceiros já tombaram Serei o último Seus sangues escorrem pela terra do campinho e umedecem o meu Joelho Penso em pipa e em minha coroa Olho para p rosto feroz do algoz Sinto a madrugada cabulosa E vejo um sol de aço crescer sobre minha cabeça (Laila e Joaquim)” Zanga é um livro de contos que vai misturando a ordem do tempo, nos levando ora pro passado e trazendo bruscamente pro presente, não conseguimos ficar na linearidade do tempo, seja por meio de um sonho que Ife vê Toni Morrison, ou seja por Bucala contando sua

Enegrescência - coletânea poética

Imagem
Esta antologia, em especial, denota muitas outras coletividades. É produto de um concurso literário, que contou com a participação de críticos e escritores na comissão de seleção, e contemplou poemas inéditos e afinados com a atuação do coletivo que o idealizou: o Projeto Enegrescência, voltado à divulgação das literaturas afro-brasileira e africanas, por meio da organização de saraus e autores. Com o sarau, o Enegrescência se soma a muitos outros espalhados nas periferias do país e consolida o modelo de recital regular como linguagem política de militantes das palavras, do direito à cultura e de artistas em busca de um lugar no mercado, além de ser utilizado por movimentos sociais de diferentes agendas por seu poder de mobilização. E com o acervo digital, o Enegrescência assume a importante tarefa de demonstrar que, mais do que uma tradição oral, as populações afrodescendentes produziram acúmulos e diversidades estéticas também na tradição escrita/literária, que só carecem de mais a

Zula, a guerreira

Imagem
Marcos Cajé que também é autor de outros livros, Afrocontos: ler e ouvir para transformar (Quarteto, 2014); lgbo e as princesas (Mondrongo, 2016), Amali e sua história (2017), instigam o imaginário infantil a explorar as provocações ficcionais instadas nas personalidades da guerreira Zula e da princesa Wambua. Essas duas personalidades expressam as habilidades e as consequências enfrentadas nos caminhos, nas trilhas dos espaços escolhidos dentro da aldeia. Nessas trilhas encontra-se a memória e as ações dos ancestrais sobre a aldeia (Rosy de Oliveira – Prefácio) O livro traz à tona algumas questões que achei importantes de serem tratados com o público infantil, tais questões não vêm apenas na figura da guerreira Zula, também observamos nos outros personagens, a princesa Wambua, a família de Zula, os pais da princesa e os conselheiros do rei. A princesa durante a história se apresenta como uma pessoa inconsequente, aquele tipo de pessoa que não pensa antes de agir, falar, e po

Salvador, cidade túmulo

Imagem
Não acreditem que isso seja um livro de contos. Aqui não tem história curta nenhuma, mas estertores da grande saga africana na América. Páginas onde o tempo nunca acaba porque é memória reboliça, inquieta, que fuça o futuro no colo da Vovó e encruzilhada as ruas de todo o livro com encanto e medo. “Salvador, cidade túmulo” é a recusa da paz dos cemitérios. Seus personagens, muitos realmente mortos no cotidiano colonial da primeira capital, são convocados à vista pela literatura e Hamilton. Trazem consigo a Liberdade, sua comunidade, o desejo e o amor, seus ancestrais, a amizade, a farra, o sorriso e a gozação, a ginga e a reza, um Curuzu desnudo na ternura dos que erigem acima das tumbas a renitência do povo negro (Luis Carlos de Alencar – Apresentação) Segundo o Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mulheres, jovens e negros   de baixa escolaridade são as principais vítimas de morte

Bucala A pequena princesa do quilombo do cabula

Imagem
Bucala é uma linda princesa quilombola, ela mora com seus pais em um quilombo chamado cabula. A menina convive com os hábitos de seu povo e se diverte. (Sinopse do livro) A demarcação territorial feita no livro desde o título pra mim foi o que mais me marcou durante a leitura. Eu moro no Cabula e estudei na UNEB, quando descobri que este espaço tinha sido no passado um quilombo teve um efeito muito especial para mim, pois percebi que de alguma forma eu estava ligada pelo chão onde habito com o passado de resistência dos meus ancestrais. Em 2016 participei da formação de uma chapa para disputar o Centro Acadêmico (CA), o grupo acatou a sugestão de uma colega e denominamos a chapa de Quilombo do Urubu, ela fez essa sugestão pelo fato de estarmos estudando em uma universidade neste território, começamos a estudar sobre esse quilombo, sobre Zeferina e foi nesse período que conheci essa história, essa minha parte da história do passado que tentaram ao máximo esconder de mim, que t

Cartas Para a Minha Mãe

Imagem
No dia 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, fiz uma publicação citando os nomes de algumas escritoras negras latina americanas, não tinha citado Teresa Cárdenas, mas tive a oportunidade de ler dois livros desta escritora e fico imensamente feliz por ter conseguido ir um pouco além dentro da literatura negra, precisamos conhecer a literatura negra que está em todo o mundo, valorizar as nossas que estão em cada canto. Cartas para minha mãe foi o segundo livro de Teresa que li, o primeiro foi Cachorro velho, desde então já estava encantada com o modo de escrita de Teresa, com o modo que somos conduzidas pela história. São livros pequenos, com poucas páginas, mas que causam um efeito enorme em quem tá lendo, produz reflexões e inquietações em nossa mente. Como o próprio título diz uma filha escreve cartas para a sua mãe falecida, nessas cartas não tem a assinatura, por isso não sabemos o