Postagens

Mostrando postagens de 2019

20 escritores negros baianos para serem lidos em 2020

Como esse ano fiz várias listas não poderia deixar de fazer uma bastante especial pro final desse ano, sem me ater a questões de numerologia, mas achando bem interessante o número que vamos ter no próximo ano - 2020 - selecionei 20 escritores negros baianos para serem lidos nesse ano que está quase chegando. Nessa lista vocês vão encontrar literatura infantil, poesias, contos, romance, teoria, empreendedorismo, isso só demonstra que aqui na Bahia temos escritores e escritoras negras escrevendo de tudo um pouco e muito mais, é só procurar que encontramos bem mais do que tem nessa lista. Temos escritores que publicaram de forma independente ou por editoras, que publicou o livro faz um tempão ou que publicou o primeiro livro esse ano, que tenho foto publicado na página e  os outros que ainda espero tirar uma foto rsrsrs, enfim na lista vai ter escritores para todos os gostos seja de teoria ou de literatura negra. Aproveitem cada indicação e se quiser pode deixar a sua indicação nos come

QUILOMBOS Para Abdias do Nascimento e Lélia Gonzalez

Imagem
Em comemoração ao Novembro Negro, mais especificamente o 20 de novembro - dia da consciência negra compartilho a poesia de José Carlos Limeira intitulada Quilombos que é dedicada a Lélia Gonzalez e Abdias Nascimento Memórias I Queria ver você negro Negro queria te ver Se Palmares ainda vivesse Em Palmares queria viver. O gosto da liberdade sentido, cravado no peito Correr, sentir os campos ter a vida Angola Janga Terra de negros livres Ali toda vida Toda raça, raiva, vontade África África (tão subitamente roubada) Sonhos (tão subitamente assassinados) Liberdade (tão subitamente trocada pela escravidão) Memórias II Negro correndo livre Colhendo, plantando por lá Se Palmares ainda vivesse Em Palmares queria ficar. O ódio do feitor é pegajoso, fecundo Ele pode emprenhar até mentes mais estéreis Com seu pênis de chicote. Os feitores esparramam se gozo Nas costas dos malungos Guinés, Ardras, Congos, Agomés, Minas, Cafres E o sangue j

Biografia do Língua

O livro é do escritor Mario Lucio Sousa que é de Cabo Verde, nação que foi colonizada por Portugal e que por isso também tem como língua oficial a língua portuguesa, porém com suas diferenças para com a nossa língua portuguesa brasileira, deste modo logo no inicio tem uma nota dos editores explicando que com a tradução de um português para outro português eles preferiram manter a ortografia como o autor escreveu, algo que achei maravilhoso e muito importante. Confesso que esperava uma determinada história, mas com o passar das páginas ia percebendo que não correspondia em nada as minhas expectativas, porém conseguiu ser muito melhor do que eu estava esperando, foi uma surpresa muito boa, o escritor trouxe determinados assuntos do período escravocrata que pouco é explorado e talvez tenha sido isso que me surpreendeu, foi ele falar sobre um tema super conhecido, mas evidenciar nuances pouco mencionados. O início da história é literalmente a biografia do período do nascimento at

Parem de nos matar!

Mais uma vez li um livro de crônicas de Cidinha da Silva, mais uma vez fiquei maravilhada com a obra e a escrita das histórias. O livro é composto por 62 crônicas, se não contei errado rsrsrs e apresenta uma sequência muito bacana, as crônicas se comunicam entre si, é possível perceber um alinhamento de algumas crônicas como se fossem separadas em alguns grupos, vou explicar melhor, tem um bloco de crônicas que falam sobre futebol, da página 149 até a página 167 vemos diversas crônicas com situações futebolísticas diferentes, mas todas expressando as opiniões e sacadas da escritora sobre o racismo no futebol. Falei como exemplo esse bloco porque gosto muito de futebol, na verdade gosto mais de acompanhar esse universo do que de assistir ao jogo, pra mim o jogo é a ponta desse iceberg, todo o antes e depois é o mais importante, Cidinha traz isso, apresenta sobre as narrações, os outros atores desse universo, sobre como os narradores na sua maioria homens brancos não abordam com a

Kuami

Kuami é uma linda e maravilhosa história de amor, das variadas formas de amor, amor entre um casal, entre amigos, entre mãe e filho, durante toda a história nos sentimos envolto desse sentimento, é como se fossemos abraçados pelo amor que transborda em cada trecho do livro. Logo no inicio nos deparamos com um amor um pouco improvável, Naomi, uma mulher que se apaixona por Hércules Baiacu, um peixe baiacu, desse amor nasce Janaina, uma linda sereia. Janaina, assim como sua mãe, guarda no peito o desejo de conhecer mais, explorar outros lugares, vivenciar novas experiências, seja pelas águas ou em terra. Em um certo momento acontece uma tragédia que não vou contar senão vai ser spoiler e dos brabos rsrsrs vocês vão precisar ler a história para descobrir esse acontecimento. Decorrente do que acontece Janaina começa a navegar por outras águas não tão conhecidas, nessa ela conhece Kuami, um elefantinho. Kuami é um elefantinho super fofo que está passando por um momento muito d

Eu Quero Mais

“Aos dezenove anos, Elizabeth sai do interior do RJ e vai para São Paulo concluir a faculdade. Na faculdade de jornalismo, ela conhece Breno, alguém que se torna uma boa companhia com o passar dos meses e a cada vez que ela sorri com as surpresas de São Paulo e seu mundo de possibilidades, Breno, sorri de volta como se quisesse apresentá-la cada pedacinho desse mundo.” (enredo do livro) Um belo dia recebo uma mensagem da escritora Tayana Alvez propondo parceria, lendo a mensagem fiquei super sem saber quem era esta pessoa, nunca tinha ouvido falar dela no meio da literatura negra, mas como adoro conhecer escritoras novas topei a parceria e até então fico contente por ter aceito a proposta. Tayana Alvez descobriu não faz muito tempo que é uma mulher negra, negra de pele clara, filha de um relacionamento inter-racial, algo muito parecido com a minha vivência, a diferença é que já tinha noção da minha negritude faz um bom tempo. Esse é um fato muito importante pra quem já está a

Escritoras Afro-Latinas - Julho das Pretas

Imagem
Ano passado, no dia 25 de julho, fiz uma publicação falando sobre a importância da data e citando algumas escritoras afro-latinas, esse ano decidi ampliar esse debate, cada dia vou publicar um pouco das escritoras que foram citadas, no blog já vai ter um post com as informações de todas, ao total serão 5 escritoras, essa pesquisa tem sido uma enorme descoberta pra mim, a maioria das obras destas escritoras não estão traduzidas para a língua português, porém tem vários trabalhos, dissertações e artigos em português que falam sobre elas, retirei o nome das 5 escritoras do trabalho - Escritoras Negras Na América Latina escrito por Francineide Santos Palmeira, a seguir o trecho selecionado: “Embora exista na contemporaneidade um número expressivo de escritoras afro-latinas, no Brasil ainda predominam as pesquisas sobre escritoras norte-americanas.   A título de exemplificação, cabe destacar alguns nomes, tais como Cristina Rodrigues Cabral (Uruguai), Nancy Morejón (Cuba), Luz Argnanc

As Alegrias da Maternidade

O livro As Alegrias da Maternidade foi o primeiro livro que li de Buchi Emecheta, encantada com a leitura segui logo para Cidadã de Segunda Classe e fiquei ainda mais envolvida pela escrita e histórias contadas por Emecheta. Como já disse anteriormente o livro Cidadã de Segunda Classe ficou sendo a minha história preferida dentre estes dois romances. Com Alegrias da Maternidade aprendi um novo conceito intitulado Maternagem, um assunto que nunca tinha pensado antes, eu reconhecia o peso machista sobre a “função” da mãe, mas não tinha parado para pensar nas estratégias criadas para fugir desta opressão sexista. A maternidade restringe-se ao cuidado somente na díade mãe-filho(a), a maternagem diferentemente inclui e potencializa a rede criada em diversas relações, outras pessoas também estão responsabilizadas pelo cuidado do bebê, por exemplo, o pai está inserido, as avós e avôs, a vizinha, os amigos, ou seja, a maternidade refere-se a consanguinidade, já a maternagem ao vincul

Amali e sua história

Amali é o terceiro livro que leio do escritor Marcos Cajé, assim como os outros dois essa história é encantadora, não esperava outra coisa, já estou acostumada com as histórias belíssimas escritas por Cajé, a surpresa é que esse tem um toque a mais, foi escrito junto com a escritora Bárbara Santana Nogueira. Amali é muito linda, pela capa já percebemos e ficamos bestas com tanta beleza, eu em especifico não me encanto apenas pela beleza física, mas pelo conjunto, e na história Amali se apresenta tão lindamente, esperta, questionadora e inteligente que fica muito fácil ver uma total beleza nessa pequena. O que temos de diferente das outras histórias é que ele não se passa em África, no país Nigéria, ele se passa aqui mesmo no Brasil, na cidade de Cachoeira. Isso porque os escritores têm o objetivo de levantar a bandeira da lei 10.639/03, aquela lei que já falei na resenha do livro de Ana Célia da Silva (Retrospectiva de uma trajetória de ações afirmativas precursoras à lei nº

Gabyanna Negra & Gorda

Estou apaixonada pelo livro Gabyanna desde o dia que a escritora Gabriela Rocha disse que me enviaria, quando chegou foi amor à primeira vista, a capa é de uma lindeza que só, ao abrir nos deparamos com uma citação de Viola Davis é pra matar a gente não ?! rsrs depois nos é apresentado uma história fantástica, posso dizer que literalmente temos o humor negro. Atualmente quem tá lendo o livro é mainha, não titubeei em dar o livro pra ela ler, tenho me divertido horrores com os comentários dela, são risadas atrás de risadas, mainha vai até mim e diz alguma coisa do livro como se eu não tivesse lido e eu preciso fazer minha cara de surpresa rsrs essa semana ela falou “Essa Gabyanna é safadinha, mas assim ela é bem estudada e tá lá fora”, nessa hora fiquei pensando que se Gabyanna não fosse bem estudada, ou não tivesse lá fora a liberdade sexual que ela tem não seria aceita??? Parece que as cosias para nós mulheres negras vem sempre com determinadas condições, se você aceitar iss