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Mostrando postagens de 2020

Infiltrado na klan

  Já tinha assistido ao filme Infiltrado na klan no cinema, ao ler o livro foi uma experiência completamente diferente. O filme é incrível e indico que assistam também. Ao ler o livro percebe-se as diferenças que foram colocadas no filme. Um dos pontos principais na diferença é que o livro não tem tanta ação quanto o filme, no livro Ron traz muitos aspectos conceituais da atuação policial, do dia a dia como um policial infiltrado, o bom do livro acredito que é isso, nos apresenta detalhes que não conseguem ser passado no filme. Ron tinha vontade de ser professor de educação física, mas nas condições que ele tinha aos 19 anos optou por se tornar cadete e foi construindo sua carreira de grande prestigio dentro da polícia, tornando-se uma referência no que se refere a Klan e ao mundo do gangsta rap. Antes de tudo Ron é um policial, antes e ser homem Ron é um policial, antes de ser negro Ron é um policial. Ron fala sobre sua experiência de quando criança vendo a luta pelos direitos c

O vendido

  O vendido é um livro incrível, supera todas as expectativas, te surpreende do início ao fim, porém não é um livro para se levar tão a sério, pois é um livro com auto teor de ironia e sarcasmos. A atenção é imprescindível durante toda a leitura e as vezes é preciso ler mais de uma vez um único paragrafo pra então compreender tudo o que o autor quer nos dizer.   Inúmeras questões tratadas no livro são especificas sobre locais, personalidades ou situações que negros estadunidenses vivem, ou seja, vai ter momentos da leitura que não vai ser possível trazer para a nossa realidade brasileira, mas em muitos outros momentos conseguimos visualizar acontecendo no nosso país, afinal o racismo nos mata de diversas maneiras e essas maneiras se repetem em qualquer canto do mundo. Eu tenho muita vontade de saber o que um psicólogo acha desse livro, óbvio um psicólogo negro, uma leitura e olhar a partir dessa ciência seria muito interessante, se você for um psicólogo e já leu esse livro vamos co

No seu pescoço

No seu pescoço é um livro de contos, 12 contos extremamente potentes, envolventes e perturbadores, pra cada leitura você vai precisar tomar um fôlego, não são contos muito longos, mas a história é tão rica, tão bem escrita e apresentada para nós leitores que parece que cada conto é na verdade um longo romance e que o livro possui somente a sua história. Chimamanda discorre sobre diversos assuntos em sua narrativa, todos com personagens negros seja em África ou em estado de imigração. Ela mexe com os valores, sentimentos, ideologias dos seus personagens e cada movimento desse reverbera de forma intensa no leitor ou leitora. A imigração é um dos temas que mais aparece, a escritora aborda questões burocráticas, do choque e da diversidade cultural, ela consegue desmistificar ideias sobre uma vida melhor nos EUA, de que neste lugar pode-se alcançar um status superior, fica explícito que uma pessoa negra independente de sua qualificação educacional não deixa de ser um uma ameaça nos EUA.

Filha do fogo

  Filha do fogo é o primeiro livro de contos da escritora Elizandra Souza, porém não é a primeira vez que tenho contato com essa escrita de Elizandra, a felicidade de ler Cadernos Negros é essa, o conto Afagos já li em um dos volumes do Cadernos Negros, comecei a ler o conto e fiquei pensando “já li esse conto antes rsrs”, que felicidade perceber mais uma vez que a série Cadernos Negros possibilita a divulgação da escrita negra, e felicidade maior é ver os autores desses escritos alçando voos maiores em publicações individuais. Filha do fogo é uma delícia de ler, são contos curtos de rápida leitura, é possível ler em um único dia, mas não se engane, não significa que não é uma leitura que te prende, te cativa, te faz pensar sobre tudo que se passa nas linhas e vidas dos personagens retratados. O livro segue uma sequência cronológica, apresenta mulheres como protagonistas da infância até a fase adulta, isso pra mim foi incrível, pois adoro uma leitura mais organizada, assim Elizandr

Meu crespo, nossa história

Li o livro Meu crespo, minha história esse ano (2020), mas adoraria ter lido no período que estava em transição capilar, como teria sido diferente e menos doloroso esse momento na minha vida. Faz 3 anos que finalizei a transição e estou extremamente melhor com o meu cabelo natural, e digo melhor principalmente no que se refere ao emocional, foi uma grande e acertada mudança que fiz. Durante a leitura pude me enxergar em muitos dos depoimentos, as vezes parecia que estava me lendo. A teorização sobre o assunto transição capilar é importantíssima, porém dialogar com as e os que passaram por esse momento se faz necessário, para que sirva de conforto aos envolvidos e também que seja exemplo para os que estão em transição ou que querem começar. O livro surgiu da página no instagram Cachos da negra, as e os seguidores enviaram para as administradoras do perfil os seus depoimentos, as administradoras são duas irmãs gêmeas que passaram pelo processo de transição, sentiram falta da represen

O movimento negro educador

Nilma Lino Gomes é uma figura muito conhecida, reconhecida e importante para o movimento negro e de mulheres negras, ter lido a sua obra foi de uma beleza enorme, muito aprendizado e conhecimento sobre a minha própria história, sobre os que vierem antes de mim, sobre o caminho percorrido e que agora está sendo construído pela minha geração. Nilma mostra a trajetória das lutas e conquistas do movimento negro no que se refere a educação, mais em especifico a educação formalizada em escola, ela foca desde o início do século XX. Também frisa os períodos dos governos, os avanços que aconteceu no governo do Lula, Dilma, até que ocorre o golpe e Michel Temer assume, a partir daí foi só ladeira a baixo... Acredito inclusive que o livro vai precisar de uma nova edição, pois no desgoverno de Bolsonaro está acontecendo as retiradas das cotas como política afirmativa, voltando ao passado onde a universidade era permitida apenas para a elite que desfruta de uma educação de escola particul

Julho das Pretas 2020

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O primeiro livro da literatura negra que li foi Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus, desde então busco a literatura negra, fiz pesquisas na biblioteca central para saber quais livros de mulheres negras tinha disponível, fui lendo cada uma, até que criei o blog Uma Leitora Negra, e passei a conhecer mais e mais escritoras negras. Em comemoração ao Julho das Pretas, vou compartilhar com vocês algumas listas de escritoras negras que tive a oportunidade de ler, de conhecer nessa minha caminhada desde Carolina Maria de Jesus. Muitos dos livros que li foram da biblioteca, isso significa que depois dessa pandemia vocês podem ter acesso aos livros também, e a outra parte dos livros lidos são de escritores independentes, ou seja, para adquirir as obras vocês vão precisar entrar em contato com as próprias escritoras. Bom, como anunciado no instagram aqui temos a primeira lista de escritoras negras, comecei com escritoras baianas, não poderia ser diferente né! Listei as obras indi

Irmã Outsider

Foi uma imensa alegria ler esse livro de Lorde, já conhecia sua história, tinha gravado muitas das suas célebres frases, conhecia sua imagem, mas pegar um livro com a sua própria imagem na capa, entender o motivo das frases ditas e o seu contexto, ouvir da Lorde a sua história, muda tudo, fica ainda melhor, dá uma injeção de ânimo, de resistência, de esperança. Cada capitulo é único, você pode ler até fora da ordem que não vai ter grande problema de entendimento, eu li na ordem e gostei da sequência do livro, mas você fique à vontade. Os capítulos que mais me chamaram a atenção foram – Os usos da raiva: as mulheres reagem ao racismo e Olho no olho: mulheres negras, ódio e raiva. Neles Lorde destrincha como nós mulheres negras estamos submersas na raiva e ódio desde crianças, como os racistas nos colocam no lugar do não humano, jamais vou esquecer a cena que ela descreve de quando era criança, foi sentar perto de uma mulher no metrô e essa mulher puxou o casaco de forma brusca

Uma Leitora Negra: Uma Experiência Literária De Disputa Epistemológica No Ambiente Virtual

Apresentei esse trabalho ano passado (2019) no  VII  Congresso Baiano De Pesquisadorxs Negrxs – VII CBPN que ocorreu na UFBA.  UMA LEITORA NEGRA: UMA EXPERIÊNCIA LITERÁRIA DE DISPUTA EPISTEMOLÓGICA NO AMBIENTE VIRTUAL Lais Alves Porto (Instituto Guanabara) Resumo: A literatura negra sempre esteve a margem da literatura canônica, contudo jamais aceitou tal situação, ainda hoje mostra-se insubmissa, reivindicando o seu papel para a construção e valorização de uma identidade cultural do povo negro. Os Blogs sempre foram utilizados por escritores que não estão no centro do mercado editorial para a divulgação de suas obras. Outro modo da produção literária estar presente no ambiente virtual é por meio dos Digital Influencers e Blogueiros. O objetivo desse trabalho é descrever teoricamente a percepção da experiência de uma mulher negra que utiliza as redes e mídias sociais por meio da página intitulada - Uma Leitora Negra, para falar sobre literatura negra. Este espaço virtual