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Mostrando postagens de 2021

Preta Potência

O livro Preta Potência foi uma grata surpresa, quando o livro chegou deixei ele lá na fila de leitura, pois pensei que iria ler desses livros de empreendedorismo e que seria bem chato, nossa imagina esses termos de empreendedores que não entendo nada, mas volta e meia eu ficava olhando pro livro, ele me olhava de volta, era como se estivesse me chamando, até que não resisti e comecei a ler, a primeira surpresa foi ver um texto de Analu, pensei Uauu olha Analu aqui, já comecei a gostar do livro nessa parte mesmo rsrs Então mais uma vez o livro me surpreendeu e Adriana começou a contar sobre a sua história, assim aos poucos fui me conectando com a mulher preta criadora da Feira e vendo que tínhamos tanta coisa em comum, dentre elas é que eu me acabei de rir quando ela menciona que sua avó falava “Lá vem a Adriana com esses filmes de preto de novo”, gente é toda mainha falando quando levo alguma sugestão de filme ou convido pra ir pro cinema, ela já sabe que será filme com atores ne

O bebê é meu

  Escrever uma história que se passa durante o período pandêmico é de uma conragem enorme. Quando recebi o livro fiquei me perguntando porque ela escolheu falar sobre esse omento tão latente para todos nós? Aqui compartilho sobre o cuidado que a editora teve ao entrar em contato perguntando se aceitaria receber o livro, pois a história se tratava sobre esse tema emblemático. Confesso que dói saber que a maioria das mortes foram de pessoas negras, dói ver o movimento antivacina crescendo cada vez mais e em especial no seio da população negra, dói estar no Brasil com um genocida no poder, porém acredito muito na literatura negra, acredito no poder de escrita da mulher negra e aceitei o livro de coração aberto. Sabe esses livros fininhos que carregam uma história imensa?! Pois bem, O bebê é meu é exatamente assim, um livro pequeno, fininho, mas que carrega um peso enorme em cada palavra, carrega a imensidão dos seus personagens, Tia Bidemi, Esohe e Bambi nos apresentam suas personal

Ainda Solama

  Uma das maiores alegrias desse projeto Uma Leitora Negra é poder conhecer pessoas incríveis como o escritor Bruno Oliveira. Bruno entrou em contato comigo para poder resenhar seu livro, recebi, já li, mas levei um bom tempo pra poder escrever essa resenha, comuniquei ao escritor da demora e ele foi super compreensivo, afinal estamos morando no Brasil né e convenhamos ninguém está bem, ainda mais as pessoas negras. Apesar do tempo lembro da história do livro como se tivesse acabado de ler, ainda consigo sentir as dores e lembranças de Doroteia, que inclusive não gosta do seu nome, mas entendemos o porquê de sua mãe ter lhe chamado assim, você vai precisar ler o livro pra saber também heim rsrs Algo que achei muito interessante foi o fato da escrita de Bruno ser igual a que ele usou no bate papo pelo instagram comigo, isso aproxima ainda mais o leitor da história, parece que estamos realmente inseridos no livro, como se a Doroteia fosse alguma versão de nós, e talvez seja mesmo a v

Carta a minha filha

  Ler Carta a minha filha é ter um diálogo intimo com Maya Angelou, sendo que foi ela mesma que te convidou para sentar e conversar, então sinta-se a maior privilegiada por ouvir de pertinho, olhar nos olhos e conhecer um pouco mais sobre Maya Angelou. Angelou teve 1 único filho homem e por isso ao começar ela diz “Eu dei à luz uma criança, mas tenho milhares de filhas. Vocês são negras e brancas, judias e mulçumanas, asiáticas, falantes de espanhol, nativas da América e das ilhas Aleutas.” (Trecho do livro) Quem resiste a esse convite, nessa hora já estava me sentido realmente uma das filhas negras da América e super feliz de poder ler a sua potente escrita. Sabe quando uma mãe compartilha alguma história que deu errado na vida dela para que sirva de exemplo para as mais novas não cometerem o mesmo erro?! Pois bem, esse é um tipo de cuidado das nossas mais velhas, e assim fez Angelou no seu livro, algumas das histórias contadas já sabemos por ter lido em alguma matéria, por ver em

Que cabelo é esse, Bela?

  A história de Bela me fez lembrar da minha história com o meu cabelo, a grande diferença é que não lembro de ter achado meu cabelo bonito ou que brilhava antes de começar a usar química, essa parte me impressionou, esse momento antes da química, antes de alisar, tentei e forcei minhas lembranças e nada, é como se minha história com o meu cabelo já começasse não gostando dele. “- Bela, sua cabeça está brilhando! Alguém gritou.” A percepção dos seus amigos fez Bela reconhecer que o seu cabelo tem o poder de brilhar, mais tarde vamos ver que é esse afeto da amizade entre as crianças que vai fazer Bela reviver esse reconhecimento e a sua conexão com o seu poder. Da mesma forma que existem pessoas que elogiam e valorizam a nossa beleza, existem as pessoas que vão destilar seu racismo e preconceito, vão comentar sobre o cabelo, sobre a cor da pele, sobre a roupa, já dizia Caetano e Gil “É que Narciso acha feio o que não é espelho”, e foi assim que Bela passou a alisar o cabelo, perdend

Que saudade da minha vó

  Pense num livro muito lindo, pois bem é o livro Que saudade da minha vó, até agora me pergunto como a escritora conseguiu abordar de forma suave um assunto tão complexo, ainda mais para o público infantil. Bom o assunto em questão é o luto, esse momento-sentimento, que todos já passaram um dia e que ainda assim é quase que um tabu na sociedade, visto como o fim da caminhada pela cultura ocidental, mas não pelas culturas africanas, vimos isso em alta ano passado quando Chadwick faleceu e todos relembraram uma fala do personagem Pantera Negra que diz para a Viúva Negra “na minha cultura a morte não é o fim”. No livro o falecimento é da vó, algo que de certa forma já esperamos devido o processo de envelhecimento, mas que apesar disso ninguém nunca vai estar preparado para esse momento, principalmente os filhos da vó, vemos isso no trecho do livro que o protagonista diz “Acho que mamãe também sente falta da Vó e não sabe bem dizer”. A inocência de não ter a compreensão do falecimen

Esperança para voar

  Sem sombra de dúvidas foi uma das melhores leituras do ano, o livro é surpreendente e de uma sensibilidade enorme, me encantou a cada parágrafo lido, a cada construção das cenas na minha mente, eu me sentia tocada pelo objetivo da autora que é mostrar que precisamos sempre ter esperança. A história é protagonizada por duas adolescentes, cada uma lidando a sua maneira com a dor da morte, seja a morta do pai ou a possível própria morte, e no meio disso tudo, desse sofrimento e misturas de sentimentos surge e se fortalece a amizade entre Shamiso e Tanyaradzwa. Essa amizade está envolta de tudo o que acontece no país, das questões políticas que marcaram o ano de 2008, mais especificamente para Shamiso que perde o seu pai por ter investigando e descoberto a corrupção de um ministro. A autora apresenta de forma muito consciente a situação política e como ocorre os desdobramentos para os personagens, para os mais pobres e também como não afeta em nada os mais ricos. Shamiso e sua mãe