Escritoras Afro-Latinas - Julho das Pretas
Ano passado, no dia 25 de julho, fiz uma publicação
falando sobre a importância da data e citando algumas escritoras afro-latinas,
esse ano decidi ampliar esse debate, cada dia vou publicar um pouco das
escritoras que foram citadas, no blog já vai ter um post com as informações de
todas, ao total serão 5 escritoras, essa pesquisa tem sido uma enorme
descoberta pra mim, a maioria das obras destas escritoras não estão
traduzidas para a língua português, porém tem vários trabalhos, dissertações e
artigos em português que falam sobre elas, retirei o nome das 5 escritoras do
trabalho - Escritoras Negras Na América Latina escrito por Francineide Santos
Palmeira, a seguir o trecho selecionado:
“Embora exista na contemporaneidade um número
expressivo de escritoras afro-latinas, no Brasil ainda predominam as pesquisas
sobre escritoras norte-americanas. A
título de exemplificação, cabe destacar alguns nomes, tais como Cristina
Rodrigues Cabral (Uruguai), Nancy Morejón (Cuba), Luz Argnancia Cririboga
(Equador), Sherazada Chiqui Vicioso (Republica Dominicana), Marie-Célie Agnant
e Edwidge Danticat (Haiti).”
Edwidge
Danticat, nasceu dia 19 de janeiro de 1969 em Porto Príncipe – Haiti.
Quando tinha quatro anos de idade, seus pais mudaram-se para os Estados Unidos,
Edwidge e seu irmão ficaram no Haiti aos cuidados de uma tia e um tio. Depois
de muito tempo, ela conseguiu ir para os EUA em 1981 quando já tinha 12 anos.
A escritora tem bacharelado em literatura francesa, já recebeu muitas honrarias
incluindo o Prêmio de História Curta Pushcart e prêmios de revistas como The
Caribbean Writer e Essence. Em 1998 a apresentadora Oprah Winfrey selecionou a
obra “Breath, Eyes, Memory” de Edwidge para o seu clube de livro de televisão o
que resultou em uma ampla divulgação das outras obras da escritora. Realizou
uma apresentação no TED Talk intitulada “Historias Haitianas”. Em 2010 foi
lançado aqui no Brasil o livro “Adeus, Haiti” pela editora Ediouro - Sinergia.
Cristina
Rodríguez Cabral, nasceu em Montevideo - Uruguai, em 1959. É considerada a
primeira afro-uruguaia a conseguir um doutorado. Tem bacharelado em Sociologia
e Enfermagem, mestra em Ensino de Inglês como Segunda Língua e Doutorado em
Línguas Românicas, sua área de especialização é a literatura afro-hispânica. Mudou-se
para os Estados Unidos em 1998. Seu único livro de poemas, Memória &
Resistência, foi publicado em Santo Domingo, na República Dominicana pela
Editora Manatí em 2004. Este livro não tem traduzido pro português, mas tem ele
em espanhol em pdf, nesse livro tem uma poesia que ela fez falando sobre a
Bahia, sim o meu Estado Bahia.
BAHIA
Es necesario amarte
para que, tan solo baste
cerrar los ojos
y encontrarte nuevamente,
para dibujarte en mi mente
para que mis dedos te palpen
y mis rumbos gitanos quieran alcanzarte.
Es necesario amarte
para que en cuanto vislumbro um
rayo de sol
aparezcas brillante,
transparente
oliendo a sal,
a guayabas,
a flores frescas…
y me arranques lágrimas
que creí resecas.
Porque mis ojos se cargaron de ti
y aún no se sacian,
ávidos te desean
rodeándome
bañándome
perfumándome.
Emanas desde lo más profundo
hermosa Bahía
más que un nuevo territorio
eres otra actitud
frente a la vida.
Nancy Morejón,
nasceu dia 7 de agosto de 1944, em Havana - Cuba. É bacharel em Artes no
Instituto de Havana e também em Língua e Literatura Francesa pela Universidade
de Havana. Recebeu muitos prêmios, dentre eles, o prêmio Universal Galega
Writer pela ALEG (Associação de Escritores em Língua Galega) em homenagem a
todo o seu trabalho. No site da Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes contém
alguns textos de Nancy, um dos que mais me chamou a atenção foi o texto escrito
em 26 de abril de 1995. Alguns trechos a
seguir:
“Entre os temas mais frequentes e mais comumente
usados em minha poesia está o chamado tema negro. Devo declarar a partir de
agora que os poemas negros ou o que quer que sejam chamados que escrevi não existiriam
se não existissem antes dos de Nicolás Guillén. No entanto, meu status como
mulher lhes deu uma dimensão diferente.
A civilização caribenha demonstra mais a cada dia,
especialmente no campo linguístico, que existe e haverá um mercado negro
irredutível de palavras e termos. Isto confirma a ideia de Edouard Glissant que
há "uma poética da relação" obstruir qualquer tentativa de
reduzir-nos a um cartesianismo que inclui, naturalmente, a razão como um motor
potente e exclui as forças da sabedoria e outras tradições da oralidade.
Acredito na tradição oral como uma adorável fonte de identidades dispersas por
todos os territórios e mares do golfo. Algumas de minhas criações literárias
foram servidas dessa tradição oral.”
Nicolás Guillén foi um poeta negro
cubano.
Marie-Célie
Agnant, nasceu em Porto Príncipe - Haiti, em 1953, vive atualmente no
Quebec Canadá desde 1970, isso porque precisou fugir da ditadura da família
Duvalier (1957-1986). É licenciada em ensino de francês, tem atuação como
tradutora, intérprete e contadora de histórias, é membro da União dos
Escritores de Quebec. Seus textos já foram traduzidos para vários idiomas, tais
como inglês, espanhol, italiano, coreano, mas infelizmente nenhum para português.
Luz Argentina
Chiriboga Guerreiro, nasceu dia 1 de abril de 1940, em Esmeraldas -
Equador. É considerada uma das principais escritoras negras no Equador. É
formada em biologia pela Universidade Central do Equador. Sua produção
literária abrange contos, poemas e romances. Tem seus escritos traduzido em
inglês, italiano e francês. Recebeu o Prêmio General José de San Martín de
Buenos Aires, na Argentina. É membro da Casa da Cultura Equatoriana, do Grupo
América e de outras organizações culturais equatorianas.
Referências:
Ana Beatriz R. Gonçalves. A Escrita Migrante Da Haitiana
Marie Célie Agnant E Da Uruguaia Cristina Cabral.
Fabiana Da Silva Campos Dos Santos. Vozes múltiplas de uma
diáspora singular: ‘Tambores’ de Cidinha da Silva e Luz Argentina Chiriboga.
Francineide Santos Palmeira. Escritoras Negras Na América Latina escrito.
Site Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes.
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