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Mostrando postagens de março, 2021

Esperança para voar

  Sem sombra de dúvidas foi uma das melhores leituras do ano, o livro é surpreendente e de uma sensibilidade enorme, me encantou a cada parágrafo lido, a cada construção das cenas na minha mente, eu me sentia tocada pelo objetivo da autora que é mostrar que precisamos sempre ter esperança. A história é protagonizada por duas adolescentes, cada uma lidando a sua maneira com a dor da morte, seja a morta do pai ou a possível própria morte, e no meio disso tudo, desse sofrimento e misturas de sentimentos surge e se fortalece a amizade entre Shamiso e Tanyaradzwa. Essa amizade está envolta de tudo o que acontece no país, das questões políticas que marcaram o ano de 2008, mais especificamente para Shamiso que perde o seu pai por ter investigando e descoberto a corrupção de um ministro. A autora apresenta de forma muito consciente a situação política e como ocorre os desdobramentos para os personagens, para os mais pobres e também como não afeta em nada os mais ricos. Shamiso e sua mãe

O que acontece quando um homem cai do céu

  O livro contém 12 contos, são 12 histórias com tanta riqueza de elementos e detalhes que te levam a mergulhar fundo em cada personagem acreditando piamente que está lendo um único romance e não contos em poucas páginas descritas, Lesley Arimah me fez várias vezes ter a sensação de que estava lendo a própria Conceição Evaristo pela natureza dos seus contos. São contos completamente diferentes um do outro, cada qual com seus personagens complexos fugindo da falsa dicotomia do personagem bonzinho ou vilão, são pesagens reais que podem muito bem ser eu ou você envolto nos nossos dilemas, problemas, desamores, saudades e tudo o que nos permeia. Os contos acontecem em África e em algumas situações Lesley também aborda sobre a imigração, algo que muito acontece e também é abordado por outras escritoras africanas como Chimamanda. Inclusive isso foi algo que me deixou bastante curiosa, Lesley não nasceu em África, ela nasceu e cresceu no Reino Unido, tem descendência africana e morou po

Eu conheço Uzomi

  Primeiro livro que leio da escritora Kinaya, e comecei muito bem, seu livro afrofuturista foi uma leitura deliciosa e me encantou. Assim como Lu Ain-Zala, Kinaya torna-se um nome de peso dentre as escritoras negras afrofuturistas. A obra acontece em um tempo futuro, mas ficamos com aquela sensação de que a qualquer momento podemos realmente estar nesse tempo de tanta escassez e incertezas. Além dessa sensação, a escrita de Kinaya também nos proporciona um suspense, incita uma curiosidade enorme pelo que pode acontecer na história, inclusive o final só nos deixa doidos para ler o próximo volume. Apesar de se passar no futuro, a questão do sucateamento da educação pública e não valorização do professor é um problema antigo e estrutural, a nossa protagonista Hadassa é professora, assim como a escritora, seria coincidência isso!? Bom, acompanhamos as mudanças que ocorre na sua vida e vamos descobrindo junto com ela as armadilhas do novo emprego. Kinaya nos apresenta uma protagonist

A Namorada do Dom

A leitura do livro A Namorada do Dom foi uma grande surpresa, na verdade conhecer a escritora foi uma grande surpresa, eu amo ler escritores que não conhecia, que não são tão famosos, traz uma sensação de descoberta e eu adoro. A outra surpresa foi a capa do livro, quando vi pela primeira vez pensei que seria algum livro sobre espiritualidade, ou o tema do livro seria somente sobre solidão da mulher negra, mas então comecei a ler o livro e percebi que o tema era bem mais vasto do que esses dois assuntos. No livro Dulci conta dos desamores que aconteceram na sua vida, mostra as relações afetivas sejam aqui no Brasil ou na Suíça, aprendemos demais com cada relacionamento, porém a relação afetiva que mais me chamou a atenção, mais me encantou, foi a relação de Dulci com a sua irmã, e inclusive pude ver essa relação antes de ler o livro, quem enviou o livro pra mim foi a sua irmã que mora aqui no Brasil. A leitura é muito tranquila, flui durante todo o tempo, mesmo naqueles momentos

Akin o rei de Igbo

Mais uma leitura de uma obra do escritor Marcos Cajé, assim como as outras obras, Cajé nos presenteia com uma linda viajem para a África e uma surpreendente aventura. Com uma linguagem muito acessível e própria para o público infanto juvenil o escritor conta a história de Akin. A magia permeia essa obra assim como em Zula a guerreira e Igbo e as princesas, essa magia que não aparece do nada, mas que nos mostra a nossa conexão com os nossos ancestrais e com a sua sabedoria, e para quem tem contato com crianças e adolescentes, sabe muito bem que esse é um excelente tempero para aguçar a curiosidade deles. Assim Cajé proporciona que os nossos pequenos conheçam um pouco mais da nossa história de uma forma lúdica e muito bonita, isso também ocorre por sempre territorializar onde as histórias acontecem, e eu já pontuei sobre isso nas resenhas dos outros livros. Akin é um menino criado por duas mulheres, algo que muito vemos atualmente, crianças negras sendo criadas somente pelas mulher