Akin o rei de Igbo

Mais uma leitura de uma obra do escritor Marcos Cajé, assim como as outras obras, Cajé nos presenteia com uma linda viajem para a África e uma surpreendente aventura. Com uma linguagem muito acessível e própria para o público infanto juvenil o escritor conta a história de Akin.

A magia permeia essa obra assim como em Zula a guerreira e Igbo e as princesas, essa magia que não aparece do nada, mas que nos mostra a nossa conexão com os nossos ancestrais e com a sua sabedoria, e para quem tem contato com crianças e adolescentes, sabe muito bem que esse é um excelente tempero para aguçar a curiosidade deles.

Assim Cajé proporciona que os nossos pequenos conheçam um pouco mais da nossa história de uma forma lúdica e muito bonita, isso também ocorre por sempre territorializar onde as histórias acontecem, e eu já pontuei sobre isso nas resenhas dos outros livros.

Akin é um menino criado por duas mulheres, algo que muito vemos atualmente, crianças negras sendo criadas somente pelas mulheres negras. A sua mãe foi uma guerreira e saiu deste oficio para dar luz a Akin. Só mais tarde ela retoma os seus ensinamentos de guerreira para poder compartilhar com Akin, o transformando em um grande guerreiro.

Contudo não é apenas sobre as estratégias de guerra corpo a corpo que é ensinado a Akin, ele também aprende muitos outros ensinamentos que o ajudaram a lidar principalmente com Adanna. Adanna é uma personagem muito interessante dentro da obra, durante o percorrer da história descobrimos sobre a sua vida, quem é o seu pai e como ela chegou onde chegou ficando a favor do rei e contra Akin.

Outra questão abordada de forma muito certeira é sobre a religião de matriz africana, contando sobre como Akin é de Xangô ou torna-se o próprio Xangô “Eu sou Akin, filho da família Asip, sou filho de Xangô! Eu sou Xangô!” (trecho do livro).

Em outra obra, Amali e sua história, Cajé também aborda a religião de matriz africana de uma forma muito bela e mostra como o terreiro é lugar de aprendizado e ensinamento. Em Akin o escritor apresenta de forma bem mais específica, centra em um único Orixá, isso com toda certeza pode gerar inúmeros diálogos com as crianças para conhecer essa religião e ajudar na desmitificação do mal e demonização do candomblé.

Bom, essa é mais uma obra que vem enriquecer a nossa literatura negra infantil, abrilhantar e empoderar as nossas crianças e juventude. Sendo assim, leiam Zula a guerreira, Igbo e as princesas, Amali e sua história e Akin o rei de Igbo.

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