Kindred - Laços de sangue


O livro Kindred – laços de sangue – coloquei na lista do desafio Lendo Mais Mulheres 2019, era um livro que já queria ler faz bastante tempo, mas não conseguia ter acesso ao livro, então coloquei na lista pra meio que me forçar a comprar o livro rsrsrs e deu super certo porque comprei o livro e fiz a leitura em dois dias.

Eu sou encantada com o movimento do afrofuturismo seja na literatura, música, peças, filmes, confesso que principalmente na literatura, isso porque sou fã de ficção cientifica, o escritor que mais gostava era Júlio Verne, mas depois de ler o livro 5 semanas em balão e perceber o quão racista era aqueles escritos desisti das suas obras e até mesmo da ficção cientifica.

Ano passado isso mudou com a leitura do livro Sankofia de Lu Ain Zaila, um livro muito, mais muito bom, depois fui assistir vídeos sobre afrofuturismo, conhecer melhor e até que cheguei em Octavia Butler, fui com uma expectativa enorme pra ler o livro, sugestão que dou pra vocês, nunca façam isso, jamais vá com expectativa ler algum livro, é melhor deixar que ele te surpreenda do que se decepcionar.

Contudo não foi o que aconteceu com a leitura de Kindrd, foi uma leitura rápida, dinâmica e muito boa, adorei o livro e a forma como foi narrado por Octavia, já quero muito ler os seus outros livros, acho que dessa vez não vou precisar de desafios rsrsrs

O modo como a ficção cientifica é apresentado no livro não é tão diferente do que já é visto como sendo a ficção, o que acontece na história é uma viagem no tempo, por isso talvez de início possa parecer que é algo batido de tanto ver em inúmeras historias, filmes e etc, porém ela traz dois importantes elementos, primeiro a viajante é uma mulher negra do ano de 1976 indo para o período da escravidão, segundo o seu marido é um homem branco, ou seja, ela toca no tão emblemático assunto relacionamento interracial.

A noção de tempo é modificada durante as viagens, Dana vive em um determinado ano e quando está ausente nesse plano passa no máximo algumas horas, mas no outro plano quando está ausente passa anos. É importante se ligar nessas mudanças de tempo pra não se perder nas passagens de anos em todas as viagens que Dana faz.

Em uma das viagens seu marido Kevin acaba indo com ela o que lhe foi bastante útil pois precisaram fingir que tinham uma relação escravocrata de dono e escrava, melhor do que ter se tornado de imediato uma das escravas do pai de Rufus. A relação deles também é apresentada em 1976 onde são oficialmente casados, ambas as famílias não aceitam esse relacionamento, de Kevin por parte de sua irmã que é casada com um homem branco racista e de Dana por parte de seus tios que esperava que ela não traísse a raça.

Para Dana e Kevin não tinha dúvida alguma e muito menos algum problema o relacionamento deles, eles tiveram muita parceria tanto nas viagens no outro tempo quanto no tempo deles mesmo (1976), afinal só um acreditava no outro e ninguém mais acreditaria na história deles.

Essa foi uma história muito envolvente e que me deixou muito feliz por saber que não preciso mais ler o homem branco considerado o pai da ficção científica, eu tenho mulheres negras que nos deram representatividade e excelentes historias, Octavia Butler e Lu Ain Zaila.

Além delas tem o escritor negro brasileiro Fabio Cabral, conheçam também suas obras e o seu movimento dentro do afrofuturismo. Termino lembrando que contam que Octavia começou a escrever porque um dia assistiu um filme muito ruim e decidiu escrever algo melhor, hoje tenho a convicta certeza de que ela não só tentou como conseguiu escrever algo maravilhoso e também conseguiu inspirar outras pessoas, principalmente pessoas negras.

Que este ano de 2020 consigamos ler muito mais afrofuturismo e estar presente nesse movimento para não somente sobreviver, mais construir outras alternativas de viver para nós povo negro, espero que o afrofuturismo seja mais uma das estratégia de aquilombamento tão necessário e urgente. 

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