O bicho que chegou a feira


Recentemente terminei a leitura do livro O bicho que chegou a feira ou melhor dizendo da História em Quadrinho O bicho que chegou a feira, foi a primeira vez que li um livro nesse formato, até então estava acostumada com os livros no seu padrão ou com os gibis, e os gibis diga-se de passagem os da Turma da Mônica, Luluzinha, Sesinho, não me julguem essas são leituras de uma criança que infelizmente não teve acesso a literatura negra nessa fase da vida.

Além dessa nova experiência de leitura pude conhecer dois escritores negros de uma vez só, Marcelo Lima que fez a adaptação em HQ e Muniz Sodré autor do livro O bicho que chegou a feira.

Marcelo entra para o grupo de escritores negros da Bahia que tive a oportunidade de conhecer a obra, chega trazendo um formato literário não muito usual dentro da literatura negra, chega com essa novidade expandindo ainda mais a produção negra baiana.

A adaptação é de um primor maravilhoso, foi uma leitura bastante fluida, isso devido os temas abordados que me interessam e também prela forma que foi contada cativando a minha atenção, ahhh e as ilustrações, não posso esquecer dessa parte importante, as ilustrações fantásticas que prende a visão não deixando nem piscar rsrsrs

E por falar nas ilustrações, os ilustradores que fazem parte desta adaptação são: Allan Alex, Naara Nascimento, Alex Genaro, Eduardo Schloesser, Hugo Canuto, Bruno Marcello.

Na história o personagem principal é Antão, um cara negro que sabe que é negro, mas ainda não consegue assumir a sua negritude, Antão passa um pó branco no rosto para clarear a sua pele, porém só ele não percebe que fica mal visto tanto pelos brancos quanto pelos negros por essa atitude e apesar de achar que está se protegendo de algo está somente se lançando ainda mais para a chacota.

A filha de Antão que estuda na capital volta para Feira de Santana, mas volta trazendo uma enorme surpresa, ela é uma militante que atua contra a ditadura militar, e por ser tão ativa sofre as consequências mais pesadas possíveis, proporcionando o desconforto e dor para o pai, mas também um chamado de alerta para o despertar de suas memórias negras, esse novo encontro com sua filha militante faz com que possa rever muitas coisas das quais acreditava ser o certo.

Além desse choque de encontrar sua filha nessa situação Antão tem a experiência de ir ao terreiro e poder revisitar o passado para entender o presente e assim poder se entender quanto homem negro. Com essas situações é que Antão vai despertar e compreender o momento que vive, que se instalou no Brasil e especificamente em Feira.

Outro aspecto que a história tata de maneira muito lúcida é o candomblé, e como apresenta em especifico o símbolo de Oxumaré que é a cobra arco-íris, para quem não conhece nada desta religião de matriz africana é tranquilo compreender todo o contexto dentro da história, assim Antão passa a saber diferenciar as cobras, as que estão a favor do povo negro e as que são envidas de encontro o povo negro.

Com essa leitura me deu muita curiosidade de ler também o próprio livro de Muniz Sodré e conhecer as outras obras tanto do escritor Muniz quanto de Marcelo Lima, foi uma experiência maravilhosa que me proporcionou conhecer ainda mais da literatura negra e os seus inúmeros possíveis formatos e estéticas a ser apresentada para nós leitores.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Literatura Infantil: 5 escritores negros baianos

Literatura negra erótica

Literatura e referencial teórico em PDF - Escritoras Negras