Igbo e as princesas


Igbo e as princesas foi o segundo livro que li do escritor Marcos Cajé, o diferencial das obras infantis de Cajé é que este nos leva para o continente Africano em especifico a Nigéria, algo que acho fantástico. Logo no início da história ele teve a preocupação de localizar geograficamente a aldeia que seria retratada, isso é muito bom, pois ajuda na construção da identidade negra para as crianças, compreender que África é um continente composto por várias nações.

A aldeia era chefiada por um rei, rei Jaha, porém a rainha durante todo o livro apresenta um papel muito importante, ela não está na relação de conselheiros nem de ministros, mas as opiniões dela são sempre acatadas pelo seu esposo, sabemos que se tratando de uma aldeia no período antigo uma mulher não poderia chefiar, também não desempenhavam papéis na organização da aldeia, mas neste livro Cajé traz um destaque para a rainha.

O rei em um determinado momento precisa partir para a floresta e durante seu percurso passa por várias situações místicas que achei que foram escritas de forma bem leve próprias para o público infantil, esse tom de mistério que toda criança gosta e que com toda certeza prende até o fim da história. 

As ilustrações no livro são fantásticas, respeitando de onde é contada a história, as vestimentas, os enfeites, os cabelos, são lindos demais e acredito que para uma criança seria algo inovador, pois não vi em outros livros desenhos deste modo, o mesmo ocorre com alguns termos utilizados, a palavra ibejes que significa gêmeos é colocado, não utilizam a palavra gêmeos, achei isso muito legal, imagina como isso acrescenta no vocabulário da criança e contribui para o sentimento de pertencimento cultural.

Com a chegada do jovem Adjo na história os acontecimentos místicos voltam a acontecer com maior frequência e novamente sempre de modo leve. Adjo mostra respeito e passa por todas as provas que são postas em seu caminho por isso ele consegue alcançar o que tanto deseja.

Por fim o rei aparenta estar mais confiante nos mistérios místicos que existe e no que essas situações podem ensinar, a aldeia não passa por mais momentos ruins, Adjo casa com uma das princesas e assim terminamos uma bela história que super recomendo para todos e que fortalece a literatura negra infantil.

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