Para Educar Crianças Feministas - Um Manifesto


Para educar crianças feministas é o terceiro livro de Chimamanda que termino a leitura, ainda não terminei de ler o livro No Seu Pescoço (sem julgamentos pessoal rsrs), de todos os livros percebo e fico muito contente de ver que tem uma linguagem muito acessível, essa é uma das coisas que mais me encanta no movimento que Chimamanda faz, tornar acessível para as pessoas que não estão engajadas em nenhum movimento social o que é debatido nos movimentos.

Eu sempre gosto de pontuar isso, a forma que nos comunicamos para além dos nossos coleguinhas militantes, existem muitos termos comuns as pessoas militantes que são completamente desconhecidas para a população de uma forma geral, somente a palavra feminismo assusta muita gente, foi imposta estrategicamente uma carga muito negativa a essa palavra e ao movimento feminista, isso afasta muitas mulheres que não se enxergam nessa luta.

E pessoas como Chimamanda, trazem à tona essa necessidade de que precisamos mudar o modo que nos comunicamos com a população. Neste livro Chimamanda fala sobre a linguagem com outro objetivo, mas podemos identificar como ela está preocupada com este aspecto.

“6. Sexta sugestão: ensine Chizalum a questionar a linguagem. A linguagem é o repertorio de nossos preconceitos, de nossas crenças, de nossos pressupostos. Mas, para lhe ensinar isso, você terá de questionar sua própria linguagem.”

Chimamanda é muito reconhecida por falar sobre feminismo, mas precisamos pontuar que ela fala sobre muitos outros assuntos que nos são muito caros, como raça e religião, o livro Hibisco Roxo é um primor ao retratar em forma de romance o racismo religioso, a intolerância religiosa, lembro que tem a resenha deste livro aqui no blog.

Em muitos momentos conseguimos nos identificar com Chimamanda com suas vivências de mulher negra, porém tem outros momentos que também são diferentes as situações e isso mostra como nós mulheres negras temos vivências diversas e como o racismo, sexismo nos afeta de várias formas e não de uma única forma padronizada para todas as mulheres negras.

“Mas eu recentemente percebi que tenho mais raiva do sexismo do que do racismo. Pois na minha raiva do sexismo eu com frequência me sinto sozinha. Pois eu amo e vivo entre muita gente que facilmente reconhece a injustiça racial, mas não a injustiça de gênero.”

Este é um exemplo muito enegrecido de como especificamente pra mim, no ambiente de trabalho, familiar e de estudo, o racismo é menos reconhecido do que o sexismo, aqui no Brasil como existe o mito da democracia racial e de que somos todos iguais fica muito difícil para que as pessoas assumam que o racismo nos afeta, diferente do machismo que está sendo reconhecido bem mais e inclusive por alguns homens.

Um aspecto que acho muito lindo é de como Chimamanda valoriza a cultura africana, a sua própria cultura. Vocês lembram que foi ela que indicou a escritora Buchi Emecheta para o Tag livros? Por isso o livro foi traduzido para a nossa língua, e ano passado tivemos dois livros traduzidos, As alegrais da maternidade e Cidadã de Segunda Classe (tem a resenha deste último livro aqui no blog), essa é uma das formas de contribuir para a amplificação da cultura africana e em específico nigeriana.

“Esteja atenta também em lhe mostra constante beleza e capacidade de resistência dos africanos e dos negros. Por quê? A dinâmica do poder no mundo fará com que ela cresça vendo imagens da beleza branca, da capacidade branca, das realizações braças, em qualquer lugar onde estiver. Isso estará nos programas de TV a que assistir, na cultura popular que consumir, nos livros que ler. Provavelmente também crescerá vendo imagens negativas da negritude e dos africanos.”

O livro é como uma carta que Chimamanda manda para uma amiga, nesta carta tem 15 sugestões, poderia falar de cada uma, pois são sugestões incríveis e que muitas delas eu também daria para vocês, mas preferi falar só de algumas e deixar essa curiosidade das outras sugestões. É um livro pequeno e como tem uma leitura fácil vocês leem em pouco tempo, porém os seus ensinamentos reverberam por muito, muito tempos ainda.

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