Fique comigo

Posso resumir a história com uma única palavra - surpreendente, nada é previsível na trama escrita pro Ayòbámi, quando achamos que sabemos o que vai acontecer ela vai lá e nos prega uma peça, apresenta uma outra narrativa, uma escrita completamente envolvente que te faz ficar pressa desejando saber o que vai acontecer. É simplesmente surpreendente do início ao fim.

Ayòbàmi começa invertendo o tempo, nos conta um pouco do presente e logo volta ao passado repassando toda a história de Akin e Yejide. Estes eram casados e não conseguiam ter filhos, isso atormentava por demais o casal e principalmente a mãe de Akin. A pessoa que era culpabilidade pelo fracasso de ter um filho era Yejide, e como solução era preciso que Akin tivesse outra esposa, algo natural na sua cultura.

Porém isso aumenta os problemas na relação do casal, dentre um deles é que a segunda esposa consegue descobrir o real motivo de Yejide não engravidar. O ciúmes, a disputa pela atenção de Akin, a pressão para que a segunda esposa engravide, tudo isso permeia uma parte da narrativa até que algo impactante acontece e aqui deixo o suspense rsrs ....

A relação familiar é algo que a escritora aborda o tempo todo, em destaque temos a família Akin e Yejide, a família de Akin que aparece bem mais na presença da mãe e do irmão de Akin e a família de Yejide que pouco aparece, Yejidi conta mais sobre suas memórias, pouco tem do contato presencial com a sua família, ao ler a história entendemos o porquê dessas relações serem assim.

Chega um momento da história que Yejide finalmente engravida, mas infelizmente é uma gravidez psicológica, algo que existe demais, mas é pouco abordado, após essa situação Yejide engravida de verdade e então acontece algo mais doloroso, eles perdem o filho. Ao total Yejide tem 3 filhos, todos nasceram com anemia falciforme, outro assunto pouco abordado. 

Ayòbàmi é incrível de tratar de temas pouco comentados nas produções literárias, a outra vez que vi na literatura negra falando sobre anemia falciforme foi em A cor purpura de Alice Walker. Vale ressaltar que a doença falciforme é predominante em pessoas negra e precisamos discutir isso entre a população negra, e principalmente dentro da saúde.

Os dois primeiros filhos de Akin e Yejide morreram por complicações da doença falciforme, os familiares e os próprios pais por não terem tanto conhecimento sobre a doença acreditam em outras questões que podem estar intervindo na morte das crianças.

Mas aí mais uma vez a escritora nos surpreende e apresenta um final glorioso pra história, que não vou contar para que vocês fiquem morrendo de curiosidade, só digo que Ayòbámi nos presenteia com a melhor versão de Yejide e o principal tornando-a mãe.

Se você não leu esse livro corre para ler e ser tomado por uma história surpreendente e conhecer um pouco mais da produção literária africana.


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