A terra partida - O portão de obelisco (vol. 2)

 

Estamos aqui de volta com o segundo volume da trilogia A terra partida, e por tudo que for mais ferrugento eu não estava preparada para esse volume rsrs bom começo dizendo que adorei conhecer mais de Nassun, gostei bastante de como a obra foi sendo conduzida intercalando ora Essun e ora Nassun, só despertou ainda mais a vontade de ler o encontro delas duas, imaginar tudo que pode acontecer quando mãe e filha se verem.

Reencontrar Alabaster foi incrível, eu já era fã de carteirinha dele desde o primeiro volume, inclusive Alabaster me lembra muito Malcolm X, é sobre tomar o que é nosso e sempre foi nosso bem antes da colonização, as conversas entre Alabaster e Essun foram de uma potência tão grande não somente para Essun, mas para nós leitores.

“"Louco" também é o modo como os roggas que obedecem escolhem chamar os roggas que não obedecem. [...] Você fingiu odiá-lo porque era uma covarde. Mas acabou amando-o, e ele é parte de você agora, porque desde então você se tornou corajosa.”

Essa relação de Alabaster e Essun propicia que os leitores questionem a própria sociedade que vive, é de uma inteligência muito perspicaz como a escritora N. K. Jemisin pontua tantas questões emblemáticas na obra, a mudança de pensamento e posicionamento de Essun é característico de quando alguém está começando a compreender as estruturas e os grilhões que baseiam as relações do mundo social.

“Os métodos do Fulcro são um tipo de condicionamento destinado a te direcionar para a redistribuição de energia e te afastar da magia. A espiral não é sequer necessária ... é possível reunir energia do ambiente de diversas formas. Mas é assim que eles te ensinam a orientar a sua consciência para baixo para realizar a orogenia, nunca para cima.”

Outro assunto que posso voltar agora tranquilamente é sobre a morte de Corundum, pois bem, eu ainda não superei essa fatalidade e como essa intertextualidade acontece, não tem como não notar a referência a obra Amada de Toni Morrison. Achei fantástico e importantíssimo abordar essa temática, resgatar não somente a obra de Toni Morrison, mas também esse assunto tão delicado para nós pessoas negras e colocar como denuncia para a branquitude.

“Você pensa no sentimento que ocupava o seu coração quando pressionou uma das mãos sobre o nariz e a boca de Corundum. Não o pensamento. O pensamento era simples e previsível: é melhor morrer do que viver como escravo.”

Outros personagens que ganharam um destaque maior nesse volume foram Schaffa e Lerna, confesso que de Lerna até compreendo muito de suas atitudes, mas ainda não sei se confio ou não na regeneração de Schaffa, vou esperar o terceiro volume para poder bater o martelo com o veredito rsrs

Bom por hoje é isso, aguardem que logo vem a resenha do terceiro e último volume, não sei se estou preparada para me despedir de Nassun e Essun, espero que essa revolução trabalhada desde o primeiro volume tenha sua vitória alcançada.

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