Calu uma menina cheia de histórias
“Calu nos ensina que é preciso escutar.
Calu nos inspira a contar e recontar o que escutou. Calu nos estimula a criar e
olhar com afeto para a ancestralidade. Calu é uma criança” Lázaro Ramos.
O livro traz a grandiosidade de retratar
na sua história dois momentos que são marcantes no período da vida, a infância
e a velhice. De um lado temos Calu com toda esperteza e curiosidade infantil e do
outro temos seus avós e os mais velhos da sua cidade com toda a sabedoria e
vivência. Estes dois polos ficam sendo o nosso foco na condução dessa belíssima
história.
Esse fato é muito importante, pois toca no
tema de como estamos lidando com os nossos mais velhos, sejam nossos avôs ou
não. Será que estamos mesmo respeitando e aprendendo com a experiência de vida
e dizeres dos mais velhos?
Penso sobre isso não apenas na construção
da nossa estrutura familiar, mas para a necessidade de uma construção de uma
identidade étnica racial, se falamos tanto de ancestralidade precisamos nos
conectar com estes mais velhos enquanto ainda estão vivos, reencontrar o nosso
passado que pode ser dita pelos nossos e não pelos outros e ainda de modo
distorcido.
O avô de Calu além de contar as histórias
também tem boas ideias, uma delas foi a de levar Calu ao museu e esse fica
sendo o ponto chave da história. Primeiro por mostrar essa possibilidade de
lazer para as crianças, porque não sei vocês, mas eu só passei a ir aos museus
de Salvador quando estava na adolescência, pois ia de vontade própria, isso
porque muitos entendem que os museus não são lugares para crianças frequentar;
segundo porque o avô relaciona o museu como complemento ao que ele já havia
contado, ou seja, a parte visual do museu passou a ser o complemento da
oralidade; terceiro porque Calu tem uma ideia brilhante durante essa visita ao
museu na capital.
A ideia de Calu foi a de criar um museu na
sua cidade e mais uma vez Calu sendo apenas uma criança demonstra todo seu respeito
aos mais velhos, ela os coloca em papéis de destaque, como por exemplo, a
recepção do museu seria feita por Seu Marcus, o morador mais antigo da cidade.
O museu que Calu criaria também estaria cheio de oralidade, as histórias dos
mais velhos estariam presente em cada canto que ela pensou do museu.
Ao terminar de pensar em como seria o
museu Calu cogitou entregar a prefeita para colocar em prática a sua ideia, e
assim foi feito, o seu bloquinho foi entregue a prefeita (não conto como foi
isso pra vocês mesmas descobrirem ao ler a história kkkk) e esta construiu o
Museu Aberto da Ilha da Boca do Rio.
Por fim digo que Calu ainda canta o seu
Rap da Dinamização, mas esse vocês também vão precisar ler a história para
saber como é kkkk
Calu é uma história infantil, com
ilustrações belíssimas e bastantes representativas, que conseguiu tocar em
assuntos antigos e inéditos para uma criança. A oralidade do nosso povo é algo
já trabalhado na nossa literatura negra, mas as descobertas feitas por uma
criança a partir disso e também da valorização da cultura por meio do museu foi
algo novo pra mim.
Calu o tempo todo se comporta como uma
criança e isso é o mais belo da história, ela é uma criança que respeita os
mais velhos, a oralidade que forma sua vida e que com sua mente criativa de
criança constrói um museu para preservar a vivência da sua cidade.
Eu espero que Calu possa incentivar muitas
outras Calus pelo nosso Brasil, muitas meninas negras e não negras que estão
cheias de histórias para contar, desenhar e também colocar em prática. Que a
nossa história seja preservada pela oralidade, pelos museus e pela literatura
negra.
Olá, Laís Costa! Gostei muito do modo como você conduziu a resenha. Fiquei curiosa... Esse já está na lista de 2019. Obrigada. Parabéns!
ResponderExcluirPrecisava muito desse livro em PDF mais não estou conseguindo,alguém pode me ajudar ?
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