As tranças de minha mãe


Em as tranças de minha mãe o narrador, o pequeno Akin, uma criança negra, cujo nome significa “guerreiro”, nos leva aos enlaces afetivos ao lado da mãe Najuma e, também, do pai, Amin. Tais tranças vão além da estética visual e nos remetem aos enlaces ancestrais, cujas raízes são de origens africanas. Trata-se, portanto, de um livro de extrema relevância, pois, suas páginas podem abrir caminhos para o leitor viajar a um universo inserido em significações e à afirmação identitária. Para saber mais, ah! Abra o livro e viaje! (Maria Oliveira - Sinopse)

O livro Tranças é composto exclusivamente por narrativa do início ao fim, como no livro Bucala, a diferença é que em Tranças o narrador é Akin, uma criança que vai relatar como vê a sua mãe, e que em nenhum momento você duvida que seja realmente uma criança falando.

O início e o final do livro com imagens iguais fazem parecer que Akin declarou tudo o que tem no livro para a sua mãe, que teceu muitos comparativos a beleza, as tranças, tudo ali naquele exato momento para ela, no aconchegante abraço e deitados na cama.

As comparações que Akin faz são comparações que demarcam a simplicidade e leveza de uma criança, mas de uma criança que reflete um determinado tipo de educação, uma educação ofertada pelos pais de engrandecimento a cultura afro-brasileira, ao valor da nossa ancestralidade e no auto amor, pois uma criança ver o empoderamento de seus pais, o modo que estes lidam com a beleza negra, e ao culto e respeito a religião de matriz africana vai influenciar em como esta criança enxerga o mundo e também os seus pares seja em casa ou na rua.

Akin traz isso pra nós leitoras durante o seu relato, o amor que ele percebe entre os pais e também para com ele, um conhecimento e valorização de toda a família como um importante laço afetivo, além do reconhecimento da natureza junto a elementos da religião de matriz africana.

Isso demonstra a relevância da estética para o empoderamento, porém deixando bem enegrecido que apenas uma mudança ou valorização da estética negra não irá induzir no processo de descolonizar as mentes, Akin via refletido na estética de sua mãe algo que ele estava vivenciando na sua relação familiar e também na religião.

Para estarmos bem na luta diária da resistência precisamos estar bem conosco mesmos, em grande parte isso significa estar bem com o nosso cabelo, as nossas feições, precisamos estar nos amando, a nossa cor, a textura do cabelo e assim podemos estar preparados para outras batalhas que ultrapassam a dimensão estética.

O livro é de uma leitura tranquila, fiquei o tempo todo imaginado fazer uma roda de contação de história com este livro em uma sala de aula ou no atendimento de linguagem, seria maravilhoso, e as ilustrações feitas por Quézia Silveira de tão lindas que são contribuiriam para prender a atenção de cada ouvinte.

Descrição da escritora feito por ela mesmo no seu blog Barro de Sangue - Onde a água pede licença para seguir seu rumo:

Sou SANGUE DE BARRO, nele me construo e dissolvo meu mundo. Ás vezes me defino enquanto educadora, poeta, escritora, artista ou simplesmente Mulher Negra. Estou em eterna transformação... Mestra em Crítica Cultural (UNEB); especialista em Docência do Ensino Superior (UNIJORGE). Também professora de Língua Portuguesa, Literatura Afro-brasileira e Redação Técnica(SENAI-BA), desenvolvo pesquisa sobre questões étnico-raciais no Brasil, gênero e empoderamento de mulheres negras. Costumo discutir estratégias pedagógicas para uma educação antirracista. Tutora a distância em curso de Educação em Relações Étnico-Raciais (UAB/UFBA) e gosto de meu lado artesã de ser: não só em tecidos e rendas, mas entre o coser das palavras. Fui colunista no site ClicMais Salvador (http://clicmaissalvador.com.br/) entre 2012-2013.

Seus textos podem ser encontrados no site da Fundação Palmares (2010); Projeto Escritoras da Bahia (2015), na Revista Entrelinhas (2015) e Projeto Pé de Poesia (Salvador, 2016). Poemas e contos pela Antologia Cadernos Negros (Quilombhoje, vol. 37, 38 e 39, 2014-2016) e  Mulher Poesia I e II (Cogito, 2016-2017). Recebeu prêmio de melhor poesia pelo 2º Festival de Literatura São Francisco Xavier (2014), no 5º Concurso das Farmácias Pague Menos (2016) e no 2º Concurso do Sarau da Onça (“O diferencial da favela: poesias e contos de quebrada”, 2017, Editora Galinha Pulando).


Referências:

Comentários

  1. Chorei muito com esse livro. A relação de afeto de Akin e Najuma é lindíssima. Outro ponto importante para mim é que o livro é todo sob a perspectiva da criança. Lindas a resenha e a foto!

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