Enegrescência - coletânea poética
Esta antologia, em especial, denota muitas
outras coletividades. É produto de um concurso literário, que contou com a
participação de críticos e escritores na comissão de seleção, e contemplou
poemas inéditos e afinados com a atuação do coletivo que o idealizou: o Projeto
Enegrescência, voltado à divulgação das literaturas afro-brasileira e
africanas, por meio da organização de saraus e autores. Com o sarau, o
Enegrescência se soma a muitos outros espalhados nas periferias do país e
consolida o modelo de recital regular como linguagem política de militantes das
palavras, do direito à cultura e de artistas em busca de um lugar no mercado,
além de ser utilizado por movimentos sociais de diferentes agendas por seu
poder de mobilização. E com o acervo digital, o Enegrescência assume a
importante tarefa de demonstrar que, mais do que uma tradição oral, as
populações afrodescendentes produziram acúmulos e diversidades estéticas também
na tradição escrita/literária, que só carecem de mais ações de preservação e
circulação (Tornar-se negro e essencial na literatura: o percurso de uma
antologia - Érica Peçanha)
Enegrescência é mais uma coletânea de
poesias que está na árdua luta de reunir o máximo de escritores e escritoras
negras e divulgar para o mundo, não apenas para nós povo negro, mas para todos
que se interessem, são poesias com dilemas, alegrias, tristezas, dores,
desamores, e tantas outras questões que nos atravessam enquanto pessoas negras,
contudo são poesias que fazem refletir qual lugar estamos ocupando dentro da
sociedade, pessoas negras e não negras, então cara gente branca qual posição
dentro de uma estrutura racista, machista e homofóbica você está ocupando?
Como sempre, seja em antologia de poesia
ou de contos, reparei a quantidade de mulheres, nesta coletânea teve 9 mulheres
e 10 homens. Alguns nomes já conhecia dos Cadernos Negros, ou de obra
individual, ou por serem de Salvador mesmo e eu já estar seguindo e vendo tudo
que publicam nas redes sociais rsrsrs outros foram uma grande surpresa e
novidade, como no caso de Emanuelle Aduni Goes, conhecia esta profissional de
palestra e por sua pesquisa dentro da área da saúde, já falei outras vezes, mas
repito sou fonoaudióloga e ver profissionais da saúde neste espaço da
literatura é muito agradável, principalmente as mulheres negras.
Algumas poesias me chamaram a atenção,
alguns pela formatação que estava estruturada, tipo, todas as poesias de César
Sobrinho estão em letra maiúscula, em caps look, sim dá aquela sensação de que
ele tá gritando, clamando para que realmente preste atenção nas suas palavras,
outras me chamaram a atenção pelo forte conteúdo que carregava, como a poesia
135 decibéis de Cristiane Sobral e Bicha Preta de Marcelo Ricardo, são poesias de
pessoas que não estão dispostas a estar nas entre linhas, ou em alguma mensagem
subliminar, eles dizem com todas as letras, com toda a dor, revolta, angustia, sofrimento, resistência, porém utilizando todo o lirismo de uma bela poesia.
A autora que mais me chamou a atenção foi
Patrícia Maria, não conhecia, foi o Enegrescência que nos apresentou através
desta coletânea poética, agradeço muito, pois foram poesias que falaram de uma
forma especial pra mim, todas as suas poesias falam de um renascimento após o
termino do relacionamento, me fizeram relembrar memórias e fortalecer algo que
já tenho certeza, não se engane pensando que as poesias são de amor, com
palavras que vão acariciar sua cabeça, são poesias super diretas, de despedida,
de dor, mas que dizem – Preta, manda embora o que te feriu e continue.
Nos Cadernos Negros as fotos das escritoras
e escritores aparecem no fundo dos livros, nessa coletânea aparece a foto no início
de cada parte das escritoras, possibilitar que nós leitoras visualize as escritoras
é de estrema importância, pelo menos pra mim que não sou boa de gravar nome,
mas de gravar fisionomia sou ótima rsrs, além disso sabemos da invisibilidade das
escritoras negras, principalmente para as que não tem publicações individuais e
esse trabalho de dar rosto para cada escritora preta se faz essencial.
Oi oi, menina vim ler sua resenha hj. Muito obrigada, que bom que gostou da nossa coletânea e pelo carinho com que falou de minha poesia, que já não é mais minha. Bjos Patrícia Maria 😊
ResponderExcluir