Zula, a guerreira
Marcos Cajé que também é autor de outros
livros, Afrocontos: ler e ouvir para transformar (Quarteto, 2014); lgbo e as
princesas (Mondrongo, 2016), Amali e sua história (2017), instigam o imaginário
infantil a explorar as provocações ficcionais instadas nas personalidades da
guerreira Zula e da princesa Wambua. Essas duas personalidades expressam as
habilidades e as consequências enfrentadas nos caminhos, nas trilhas dos
espaços escolhidos dentro da aldeia. Nessas trilhas encontra-se a memória e as
ações dos ancestrais sobre a aldeia (Rosy de Oliveira – Prefácio)
O livro traz à tona algumas questões que
achei importantes de serem tratados com o público infantil, tais questões
não vêm apenas na figura da guerreira Zula, também observamos nos outros
personagens, a princesa Wambua, a família de Zula, os pais da princesa e os
conselheiros do rei.
A princesa durante a história se apresenta
como uma pessoa inconsequente, aquele tipo de pessoa que não pensa antes
de agir, falar, e por não ter decisões sábias sofre com as consequências, mesmo
que todos estejam a alertando para o perigo e as escolhas erradas. Considero
esse um assunto muito interessante de trazer para as crianças, pois apresenta a
elas desde cedo sobre o valor de escutar atentamente os mais velhos, diferente
da princesa que não ouviu seus pais, o ministro místico, nem sua amiga Zula.
Esse pareceu pra mim sendo o assunto
principal, mas aí achei estranho porque o título do livro é referente a
guerreira, então desde o início pensei que ela fosse ser o assunto principal, porém
pensando melhor cheguei à conclusão que foi uma estratégia trazer a descoberta
de Zula como guerreira para o final no desenrolar das escolhas da princesa e assim terminar com esta
mensagem de que as garotas podem ser as primeiras em áreas que tem
exclusivamente homens, como no caso de Zula.
Na história também vemos a diferença entre duas famílias e
como elas são importantes pro destino de ambas as garotas, na família de Zula,
tem o seu irmão que a ajudou no seu treinamento e os seus pais que demonstram
medo da luta que Zula precisa enfrentar, vejam que eles não demonstram medo por
ela querer ser uma guerreira, mas teme pela vida dela, são temores diferentes,
em nenhum momento ficou parecendo que eles proibiram ou não gostaram desta
decisão de Zula, e isso pode ser decisivo pra uma garota, o apoio e auxilio de
sua família.
Já com a família da princesa que foi criada
com tudo do bom e do melhor e aparentemente com todas as suas vontades sendo
satisfeitas, quando os pais lhe dizem Não por perceberem que ela tomaria uma
decisão errada a princesa se rebela e os pais não conseguem se posicionar para
impedir a tomada de decisão, infelizmente as consequências acontecem, mas o rei
por fim toma uma sábia decisão de aceitar Zula como uma guerreira, como a
primeira mulher no grupo dos guerreiros.
Outra questão resgatada na história é o laço afetivo da amizade, como uma amiga arisca a sua vida para salvar a vida da outra, Zula sempre esteve assertiva nas suas escolhas, bem diferente das escolhas de sua amiga Wambua, mas pelo amor da amizade Zula nunca se distanciou de Wambua, isso ser retratado para o público infantil é importante para demonstrar de como precisamos valorizar e cultivar a rede afetiva que nós construímos.
As imagens do
livro são lindíssimas, as folhas onde tem descrito a história não são com
aquele branco sem graça, as folhas são amareladas com um alaranjado, ficou bem
bonito e muito atrativo principalmente para as crianças.
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